Josefina Cheia decidiu dedicar seu tempo e suas habilidades para apoiar aqueles que mais precisam: os deslocados internos, vítimas de uma das maiores crises humanitárias da atualidade na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

Antes da destruição do Hospital Geral de Mocímboa da Praia, localizado na sede de Mocímboa da Praia, Josefina Cheia atendia mulheres e meninas dando suporte em saúde mental e apoio psicossocial. Ela diz que os conflitos impactaram em cheio as pessoas.

Josefina Cheia mostra o gesto com a mão que significa “parem a violência contra mulheres e meninas.”

Esperança de vida

Com apoio do Acnur, ela agora percorre centros comunitários e de proteção para ouvir histórias de mulheres e raparigas, partilhando seu testemunho de superação da violência baseada no género.

“Durante o processo de deslocamento a pessoa pode perder a sua vida, a pessoa pode sofrer vários tipos de VBG perpetrados por pessoas que elas não conhecem ou pessoas que elas conhecem que acabam se aproveitando da situação de deslocamento. A parte mais difícil do meu trabalho é ouvir as histórias das mulheres, ensinar a elas onde elas podem buscar o apoio, ensinar a elas que elas ainda podem ter uma esperança de vida.”

As mulheres e raparigas deslocadas que sofreram violência de género se reúnem regularmente em uma rede de centros comunitários e de proteção na província de Cabo Delgado.

Um compromisso com a humanidade

É neste espaço seguro em que as mulheres e raparigas compartilham suas histórias para apoiarem, umas as outras, rir e cantar e aprender novas habilidades.

“Sempre foi meu sonho e meu objetivo ajudar as outras mulheres que passam por esta situação, então neste processo de deslocamento eu me superei bastante. O Acnur tem me dado essa oportunidade de poder engajar com as técnicas necessárias, porque temos que frisar que não é só conversar com as mulheres, mas também temos que aprender as técnicas necessárias para conversar com uma mulher que sofreu a violência do género.”

Na província de Cabo Delegado, desde 2017, grupos armados não estatais invadiram e queimaram vilas e cidades, roubaram propriedades de gado, mataram civis, recrutaram a força crianças e jovens, sequestraram e estupraram mulheres e raparigas.

Josefina Cheia, agente do ACNUR responsável pela violência de género, lidera uma sessão de grupo com mulheres deslocadas num centro de protecção e comunitário na província de Cabo Delgado

Desafios e Superações

É no centro comunitário e de proteção que mulheres e raparigas apreendem novas habilidades de sobrevivência. Durante a jornada Josefina Cheia nunca perdeu de vista a importância do trabalho que realiza.

“O meu trabalho é engajado por várias experiências anteriores. Para elas é como se fosse uma pontinha de esperança, ver uma pessoa que é de Cabo Delgado, uma mulher, mãe que também é deslocada, que sofreu o processo de deslocamento e conseguiu sobressair e cada vez mais está a ser forte para poder lutar por elas.”

No auge do conflito, em Cabo Delgado, em 2021 e 2022, mais de 1 milhão de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas; atualmente cerca de 580 mil permanecem deslocadas na província de Cabo Delgado, a maioria mulheres e crianças.

Luta contra estigma

“Quais são os seus direitos como mulheres? Então este e um símbolo de basta a violência contra as mulheres e contra as raparigas. Nós não queremos mais sofrer, as violências… queremos direitos iguais, então estamos a reivindicar, então chega a violência contra as mulheres e raparigas.”

O Acnur apoia voluntários nas comunidades e parceiros na luta contra estigma e a discriminação, ampliando as habilidades e acesso a oportunidades para melhor reconstrução da vida de mulheres e raparigas sobreviventes da violência baseada no género.

* Ouri Pota é o correspondente da ONU News em Maputo.

 

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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