Nesta quarta-feira, países e comunidades afetados pela subida do nível do mar serão o destaque nos debates da Assembleia Geral da ONU.

A reunião plenária de alto nível “Enfrentando as Ameaças Existenciais Representadas pelo Aumento do Nível do Mar” busca soluções abrangentes e compromissos viáveis ​​para combater este desafio.

Impactos jurídicos e no patrimônio cultural

Um dos temas da reunião será como o ritmo acelerado da subida do nível do mar está afetando cada vez mais os estados costeiros, o que poderá resultar em implicações legais significativas para fronteiras marítimas, gestão de recursos, resposta a desastres e direitos humanos.

Os participantes irão discutir como os marcos jurídicos existentes podem ser insuficientes para resolver o problema.

Os líderes reunidos no evento discutirão como a erosão costeira, perda de ecossistemas e recursos de água doce, bem como as inundações estão a causando deslocamentos e danos que exacerbam as desigualdades socioeconômicas.

Além disso, a reunião pretende abordar como a destruição das paisagens costeiras e o deslocamento de comunidades podem pôr em perigo valores inestimáveis ligados à bens imateriais, como patrimônio cultural e conhecimentos tradicionais.

A subida do nível do mar está a ameaçar a indústria do turismo em locais como Santa Lúcia, no Caribe

Quais são as causas do aumento do nível do mar?

Estima-se que os oceanos tenham subido aproximadamente 20 a 23cm desde 1880. Em 2023, o nível médio do mar a nível mundial atingiu um recorde confirmado pela Organização Meteorológica Mundial, OMM, de acordo com registros de satélite mantidos desde 1993.

Os estudos apontam que a taxa de aumento ao longo dos últimos 10 anos foi mais do que dobro da taxa de subida do nível do mar na primeira década, de 1993 a 2002.

Segundo a ONU, a subida do nível do mar é o resultado do aquecimento dos oceanos e do derretimento dos glaciares e das camadas de gelo, fenômenos que são consequências diretas das alterações climáticas.

Mesmo que o aquecimento global seja limitado a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, a meta estabelecida pelos países no Acordo de Paris de 2015, o planeta assistirá a um aumento considerável nos níveis da água do mar.

É importante notar que os padrões de circulação oceânica, como a Corrente do Golfo, podem levar a diferenças regionais na subida do nível do mar.

Quais são as consequências?

A subida do nível do mar tem implicações de amplo alcance não apenas no ambiente físico, mas também no tecido econômico, social e cultural das nações vulneráveis.

As inundações de água salgada podem danificar habitats costeiros, incluindo recifes de coral e populações de peixes, terras agrícolas, bem como infraestruturas, incluindo habitação, e podem afectar a capacidade das comunidades costeiras de sustentarem os seus meios de subsistência.

As inundações podem contaminar o abastecimento de água doce, promover doenças transmitidas pela água que ameaçam a saúde das pessoas e causar stress e problemas de saúde mental.

Ao mesmo tempo, as receitas do turismo podem sofrer à medida que praias, resorts e outras atrações turísticas, como os recifes de coral, são danificados. O turismo é um importante motor econômico, especialmente em muitos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Sids.

A combinação de tantos fatores pode forçar as pessoas a abandonarem as suas casas ou a migrarem. Por estas razões, o secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu o fenômeno como um “multiplicador de ameaças”.

O aumento do nível do mar ameaça cidades globais como Nova Iorque

Qual é a ligação entre o aumento do nível do mar e as alterações climáticas?

À medida que sobem as temperaturas globais devido às alterações climáticas, os oceanos absorvem grande parte deste excesso de calor. A água mais quente aumenta em volume, um processo conhecido como expansão térmica, que contribui significativamente para a subida do nível do mar.

A subida do nível do mar também cria um “movimento circular catastrófico” em alguns ecossistemas. Por exemplo, as florestas de manguezais, que protegem os habitats costeiros e armazenam gases de carbono prejudiciais, podem rapidamente ficar sobrecarregadas, perdendo as suas qualidades protetoras.

Menos manguezais significam mais gases nocivos no ambiente, o que impulsiona as alterações climáticas e, com o aumento das temperaturas, o nível do mar aumentará ainda mais.

Quais países são mais afetados?

Estima-se que cerca de 900 milhões de pessoas, ou uma em cada 10 pessoas no planeta, vivam perto do mar.

As pessoas que vivem nas zonas costeiras de países densamente povoados como Bangladesh, China, Índia, Países Baixos e Paquistão estarão em risco e poderão sofrer inundações catastróficas.

Também estão em risco grandes cidades de todos os continentes, incluindo Bangkok, Buenos Aires, Lagos, Londres, Mumbai, Nova Iorque e Xangai.

As pequenas ilhas com áreas terrestres baixas enfrentam provavelmente as ameaças mais críticas. A subida do nível do mar e outros impactos climáticos já estão forçando as pessoas de países do Oceano Pacífico como Fiji, Vanuatu e as Ilhas Salomão a deslocarem-se.

Unicef/Lasse Bak Mejlvang

Crianças na ilha de Tuvalu, no Oceano Pacífico, brincam em uma área costeira protegida por sacos de areia

O que pode ser feito para conter o aumento do nível do mar?

A ação mais importante que pode ser tomada é mitigar o aquecimento global através da redução das emissões de gases com efeito de estufa, o principal motor das alterações climáticas.

Entretanto, ações de adaptação ganham cada vez mais importância. Dentre elas estão: Costrução de muros marítimos e barreiras contra tempestades, melhora dos sistemas de drenagem, construção de edifícios resistentes às inundações, restauração de barreiras naturais como manguezais e proteção de zonas úmidas e recifes de coral.

Muitos países estão também intensificando os seus planos de redução do risco de catástrofes e melhorando sistemas de alerta precoce apoiados pela ONU para lidar com incidentes relacionados com o nível do mar.

Em alguns casos, as comunidades também podem ser realocadas de zonas costeiras vulneráveis ​​como parte de medidas de adaptação, uma abordagem conhecida como retirada controlada.

Organizações da sociedade civil que participam nas negociações climáticas da ONU no Dubai em 2023 exigem reparações pelas perdas e danos causados ​​pelas alterações climáticas

Como a ONU atua?

As Nações Unidas dizem ter condições de liderar o combate da subida do nível do mar com a abordagem abrangente e coordenada a nível internacional.

A Convenção-Quadro da ONU sobre Alterações Climáticas facilitou o Acordo de Paris para limitar o aquecimento global, o que é essencial para reduzir a extensão da futura subida do nível do mar.

A ONU também mobiliza a comunidade global para fornecer apoio financeiro, especialmente através do Fundo de Perdas e Danos, aos países mais vulneráveis ​​e para ajudá-los a adaptar-se aos impactos das alterações climáticas. 

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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