O mundo atravessa um período de “turbulência e imprevisibilidade”, que se reflete em confrontos crescentes e sociedades divididas. Foram essas palavras usadas pelo alto-comissário de Direitos Humanos da ONU para descrever um contexto marcado por 120 conflitos ativos e uma ordem internacional sob risco.
Em discurso no Conselho de Direitos Humanos nesta segunda-feira, Volker Turk afirmou que o consenso global em torno das normas e instituições internacionais, duramente construído ao longo de décadas, não pode “desmoronar diante dos nossos olhos”.
Controle do “poder irrestrito”
O alto comissário alertou que indivíduos e corporações nunca tiveram tanto controle e influência sobre nossas vidas. Ele enfatizou que qualquer forma de poder não regulamentado “pode levar à opressão, subjugação e até mesmo à tirania”.
Turk declarou preocupação com o fato de que “um punhado de oligarcas do setor de tecnologia, que não foram eleitos, tem nossos dados”, incluindo endereço, hábitos, informações genéticas, condições de saúde, pensamentos, desejos e medos.
Segundo ele, esse nível de controle favorece a manipulação e por isso os Estados devem se adaptar rápido para cumprir seu dever de proteger as pessoas de um “poder irrestrito”.
O conflito permeia a vida quotidiana
O chefe de Direitos humanos ressaltou que “autocratas, demagogos e aproveitadores” se beneficiam do caos gerado por conflitos para praticar táticas de “dividir para governar, ações comerciais predatórias ou simplesmente roubo”.
Para ele, o conflito permeia toda a vida quotidiana, “desde os produtos que compramos até os feeds de notícias que navegamos”. Isso inclui desde os minerais extraídos em zonas de guerra até as chamadas fazendas de robôs e centros de golpes que florescem “nos cantos mais sem lei do mundo”.
O alto comissário afirmou que todas as pessoas estão envolvidas de alguma forma e tem a responsabilidade de agir por meio de hábitos de consumo, uso de mídias sociais e engajamento político.
Eleições e desumanização
Turk também relatou que acompanhou as recentes campanhas eleitorais na Europa, América do Norte e outros lugares com “crescente apreensão”.
Para ele, as frases de efeito sobre um único assunto, desprovidas de substância, simplificam excessivamente questões complexas e baseiam-se frequentemente na “criação de bodes expiatórios, na desinformação e na desumanização”.
O alto comissário alertou que a desumanização é um passo para tratar um grupo inteiro como estranho, “indigno dos direitos básicos”, funcionando como um “precursor perigoso do ódio e da violência” que deve ser denunciado sempre que ocorre.
“Masculinidade tóxica”
O chefe de Direitos Humanos expressou preocupação com o ressurgimento de “ideias tóxicas sobre a masculinidade” e os esforços para glorificar os estereótipos de gênero, especialmente entre os homens jovens.
De acordo com ele, os culpados por isso são os “influenciadores misóginos” com milhões de seguidores nas redes sociais que “são aclamados como heróis”.
Turk destacou que essas ideias circuladas online e offline vão contra a igualdade de gênero e resultam em “violência e retórica de ódio contra as mulheres, defensores dos direitos femininos e figuras políticas”.
Estruturas legais “ignoradas e descartadas”
O alto comissário enfatizou que a guerra é a violação máxima dos direitos humanos. Ele disse ser “escandaloso” que, em todos os conflitos atuais, as estruturas legais criadas para proteger civis, limitar danos e garantir justiça sejam “ignoradas e descartadas, de forma descarada e repetida”.
Em 2024, um número recorde de 356 trabalhadores humanitários foram mortos enquanto prestavam ajuda a pessoas em algumas das crises mais graves do mundo.
No Sudão, o alto comissário condenou mais uma vez os bombardeios lançados em zonas densamente urbanizadas, com total impunidade e disse que “os civis estão a “pagando um preço insuportável, numa luta aberta por poder e recursos”.
Caminhos para a paz na Ucrânia e em Gaza
Voltando-se para a Ucrânia, Turk afirmou que se opõe a “qualquer acordo de paz que exclua a Ucrânia”.
Ele disse que após três anos desde a invasão russa em grande escala, as pessoas continuam sofrendo terrivelmente e que uma paz sustentável deve basear-se na Carta das Nações Unidas e no direito internacional.
No Território Palestino Ocupado, o chefe dos direitos humanos da ONU insistiu que o frágil cessar-fogo se mantenha em Gaza “e se torne a base para a paz”.
Ele também insistiu que as entregas de assistência humanitária sejam retomadas imediatamente, após anúncio de Israel da suspensão do fluxo de ajuda.
O chefe de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher, respondeu com alarme à decisão israelense, insistindo que o cessar-fogo “deve ser mantido”.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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