O cineasta Eryk Rocha esteve em Nova Iorque para a exibição de seu novo filme “A Queda do Céu”. O documentário leva o mesmo nome do livro escrito pela liderança indígena Yanomami Davi Kopenawa e o antropólogo francês Bruce Albert.
Em 2024, o filme passou pelo Festival de Cinema de Cannes, na França, e por mais 23 países. O brasileiro divide a direção com Gabriela Carneiro da Cunha.
A queda do céu
A obra retrata tradições, rituais e a conexão com a natureza do povo Yanomami. Em entrevista à ONU News, Eryk Rocha explica que a inspiração veio de sua paixão pelo livro.
“Ele faz uma análise, uma radiografia sobre a sociedade não indígena, sociedade branca ocidental. A partir das viagens dele pelos Estados Unidos, por aqui, por Nova Iorque, especialmente, e pela Europa e também pelas cidades brasileiras. É um livro incrível que traz essa imagem da queda do céu, que é uma imagem apocalíptica. É uma imagem que eu acho que não existe imagem mais síntese, mais poderosa para explicar o que é o mundo hoje do que essa imagem da queda do céu.”
Ameaça que paira sobre a Amazônia
O décimo-primeiro filme do diretor foi premiado em um dos maiores festivais de documentários dos Estados Unidos, o DOC NYC. A obra destaca as ameaças que pairam sobre a Amazônia e a crise atual do clima.
“O David diz que enquanto houver os xamãs Yanomami, eles vão segurar o céu, mas que quando acabarem esses xamãs, o céu de fato vai cair. E muitos xamãs estão morrendo, infelizmente, por causa das doenças e do garimpo ilegal e de todos os genocídios que acontecem na Amazônia e no território Yanomami. E o livro traz essa imagem muito poderosa da queda do céu, que é uma imagem que permeia o nosso filme. Eu acho é uma imagem síntese de um certo estado de mundo que a gente vive permanentemente. Esse estado do próprio aquecimento global, da mudança climática, que o David chama no filme da vingança da Terra.”
Vida e morte do planeta
Eryk Rocha ressalta que o que é mostrado no filme, através de um olhar sob a cultura e os desafios do povo Yanomami, é um alerta da chegada do limite entre a vida e a morte do planeta. Para ele, o céu já está caindo, conforme a previsão de Davi Kopenawa.
“A gente vê o mundo em diversas regiões, hoje colapsada, como essa revolta da natureza já acontecendo e essa manifestação de furacão, dos terremotos, das enchentes, da fumaça dos das queimadas, quer dizer alguma coisa. O mundo já está em chamas, né?”
Maior território indígena do Brasil
Mais de 30 anos após ser declarada oficialmente como território indígena em 1992, a Terra Indígena Yanomami, com 9,6 milhões de hectares entre os estados de Amazonas e Roraima, vem enfrentando uma crise humanitária devido ao aumento significativo da atividade de garimpo e extração ilegal de madeira.
Essas atividades geraram violência dos invasores contra a população indígena, assim como surtos contagiosos e aumento da mortalidade infantil entre a população local.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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