O Conselho de Segurança ouviu, nesta terça-feira, a coordenadora da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Sigrid Kaag, sobre a situação na região.
Ela falou de uma rápida transformação na área e da possibilidade de essa ser a “última chance” para a criação de dois Estados: um israelense e um palestino, vivendo lado a lado.
Maus-tratos e humilhações
Sigrid Kaag, que também é coordenadora humanitária e de reconstrução para Gaza, reconheceu os avanços na implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo, incluindo a libertação de 34 reféns israelenses e 1.135 palestinos detidos.
Ela reiterou a condenação do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sobre os “desfiles públicos” durante a libertação de reféns pelo Hamas, incluindo declarações feitas sob coação e a “terrível exibição” dos caixões de sequestrados mortos em cativeiro.
Segundo a coordenadora da ONU, as imagens mostram sinais claros de maus-tratos e as condições terríveis vividas pelos reféns do Hamas em Gaza. Ela também destacou preocupação com relatos de maus-tratos e humilhações sofridos por palestinos em centros de detenção de Israel.
Noa Argamani discursa na reunião do Conselho de Segurança
Ex-refém do Hamas fala sobre pesadelo e milagre
O Conselho de Segurança recebeu Noa Argamani, sequestrada pelo Hamas em 7 de outubro de 2023. Ela passou oito meses em cativeiro até ser resgatada de Gaza por soldados israelenses. A ex-refém descreveu a experiência como um “pesadelo” e disse que estar hoje na sede da ONU é um “milagre”.
Noa pediu que “nenhum refém seja deixado lá” e apelou para que todas as fases do acordo de cessar-fogo sejam completamente cumpridas. Ela relatou que 63 sequestrados seguem em Gaza, inclusive o próprio companheiro, Avinatan Or. Ela acredita que provavelmente 24 deles ainda estão vivos, conforme sinais enviados pelos que foram libertados.
Sigrid Kaag apelou a ambas as partes para honrarem o acordo concluindo as negociações para a segunda fase. Ela adicionou que a ONU está pronta para apoiar esforços de reconstrução e que qualquer deslocamento forçado está “fora de questão”.
Vacinação contra a poliomielite e evacuações médicas
Em sua última visita a Gaza, logo após a entrada em vigor do cessar-fogo, ela observou cenas de “devastação total e desespero devido à perda, ao trauma e a um sentimento de abandono por parte da comunidade internacional”.
Desde o acordo, em 19 de janeiro, a ONU, intensificou a oferta de ajuda humanitária e vê melhoras nas condições de acesso e segurança.
O Programa Mundial de Alimentos, WFP, dobrou a média mensal de alimentos entregues em comparação com o período de conflito.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS, a campanha de vacinação contra a poliomielite, iniciada no fim de semana, já alcançou 547.848 crianças em Gaza, mais de 92% da meta.
A coordenadora humanitária da ONU ressaltou no Conselho de Segurança que as evacuações médicas através da passagem de Rafah começaram em 1 de fevereiro, facilitando a transferência para o Egito de doentes e feridos, em conformidade com o acordo de cessar-fogo. Ao todo, 889 pacientes foram evacuados desde então.
A Unrwa e seus parceiros implementam uma campanha de vacinação em grande escala contra a poliomielite em Gaza para alcançar quase 600 mil crianças com menos de 10 anos de idade em toda a Faixa de Gaza
Escalada preocupante na Cisjordânia
Sigrid Kaag se disse preocupada com as operações militares, ataques e violência crescente na Cisjordânia. A situação é marcada por bombardeios aéreos israelenses e uso de outras armas pesadas, enquanto militantes palestinos usaram explosivos improvisados e realizaram ataques a tiros.
As Forças de Defesa de Israel aumentaram a presença de tropas na Cisjordânia após a detonação de três bombas em ônibus vazios perto de Tel Aviv, num suposto ataque terrorista.
Sobre assentamentos ilegais israelenses, Sigrid Kaag revelou que aproximadamente 2 mil novas unidades habitacionais foram construídas nas últimas semanas, acompanhadas de demolições de propriedades palestinas, despejos e bloqueio de atividades agrícolas.
Ela disse que esses episódios, juntamente com os apelos contínuos por anexação, representam uma “ameaça existencial” à perspectiva de um Estado palestino viável e independente e, portanto, à solução de dois Estados.
Três medidas para o futuro de Gaza
A representante das Nações Unidas disse aos membros do Conselho de Segurança que está realizando consultas com diversos atores regionais e que uma solução política para o futuro de Gaza deve incluir três medidas.
A primeira é que o enclave continue sendo parte integrante de um futuro Estado Palestino. O segundo ponto é a unificação política, econômica e administrativa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Por último, ela ressaltou que não deve haver presença de longo prazo das Forças de Defesa de Israel em Gaza, mas que ao mesmo tempo as preocupações legítimas de segurança de Israel sejam atendidas.
Ela pediu um compromisso internacional com o fim da ocupação e com uma resolução final do conflito com base nas resoluções da ONU, no direito internacional e em acordos anteriores.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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