O Registro da Memória do Mundo ganhou 74 novas adições nesta quinta-feira, incluindo documentos submetidos pelo Brasil, Cabo Verde, Angola e Moçambique.
A ONU News conversou com o diretor da área de Inclusão Digital e Políticas em Transformação Digital da Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura, Unesco, entidade que coordena a iniciativa.
Marcos da ciência, música, educação e política
Guilherme Canela explicou que o registro agora conta com 570 coleções documentais, incluindo livros, manuscritos, mapas, fotografias, gravações sonoras ou em vídeo, que preservam o patrimônio compartilhado da humanidade.
“Esse programa nos ajuda a entender, por exemplo, a história da educação, estão lá os arquivos de Paulo Freire. A história da ciência, estão lá os arquivos de Isaac Newton. A música, a Nona Sinfonia de Beethoven, as partituras estão lá nesse arquivo. A história da política, estão lá o caso de Nelson Mandela. A história dos direitos humanos, estão lá os julgamentos relacionados a Auschwitz, a história do cinema, os arquivos de Bergman, a história do serviço público”.
Patrimônio mundial incorpora documentos de Brasil, Cabo Verde, Angola e Moçambique
Reconhecimento da importância de Carlos Chagas
Ele explicou que a aprovação de novos documentos divulgada nesta quinta-feira inclui os arquivos do cientista brasileiro Carlos Chagas, que descobriu as características centrais da Doença de Chagas.
Os arquivos refletem o contexto da descoberta da enfermidade e revelam a luta do pesquisador pela ciência e pela saúde como aspectos de importância social e dever do Estado.
Contribuição para discussão sobre povos indígenas na COP30
Outro documento aprovado foi o Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendaju, que sintetiza o conhecimento produzido sobre os povos indígenas no Brasil e regiões vizinhas, desde o século 16 até meados do século 20.
“É uma enciclopédia sobre línguas, culturas e a memória de vários povos indígenas. Mais de 1,4 mil grupos indígenas de 41 famílias linguísticas estão retratadas aí, nesse mapa, com documentação está lá no Museu Emilio Goeldi. No ano que a gente está, o ano de COP 30, que vai ser em Belém do Pará, a contribuição e discussão dos povos originários, dos povos indígenas é altamente importante”.
O mapa se destaca por revelar a ocupação do espaço e a mobilidade de diferentes grupos, bem como os deslocamentos causados pela colonização e pela consolidação do território brasileiro.
O programa de reflorestamento do Instituto Zág ajudou a salvar a árvore sagrada Zág do Brasil, que possui valor nutritivo, espiritual, ancestral, medicinal e terapêutico
Evidências sobre a história e rotas da escravidão
Canela ressaltou ainda a importância de documentos sobre a escravidão enviados por outros países de lingua portuguesa, que agora fazem parte do Registro da Memória do Mundo.
“Numa postulação conjunta de Angola, Cabo Verde e Moçambique, os arquivos superimportantes do censo de escravos. Isso é fundamental em toda a discussão da história da escravidão, da rota de escravos. Outro fundo documental também sugerido por Cabo Verde são os documentos sobre a escravidão que estão no Arquivo Geral da Secretaria Geral de Governo. Então, importantes aí para contar a história da escravidão”.
Esta coletânea compreende 79 livros de registro de escravos dos três países, criados principalmente entre 1856 e 1875. Emitidos por decreto da Coroa Portuguesa, estes registos documentavam todos os indivíduos escravizados e libertos nos seus territórios ultramarinos, lançando as bases para a abolição da escravatura em 1869.
As coleções são adicionadas ao registro por decisão do Conselho Executivo da Uncesco, após a avaliação das indicações por um comitê consultivo internacional independente.
Além disso, a Organização auxilia os países no desenvolvimento de políticas de preservação e fornece treinamento e financiamento a instituições de memória para a digitalização dos acervos.
O ‘tronco’ era usado para conter pessoas escravizadas
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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