Escolas do mundo inteiro enfrentam o desafio de se adaptar a uma realidade marcada pelo amplo uso de smartphones e inteligência artificial, IA.

Neste dia Internacional da Educação, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, propõe aprofundar o debate sobre o uso responsável dessas tecnologias.

Uma estudante da Escola São Francisco de Assis e outras meninas verificam seus smartphones depois das aulas na cidade de Cebu, em Central Visayas, Filipinas

O perigo dos excessos

Em mensagem para marcar a data, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que à medida que os sistemas baseados em IA se tornam mais poderosos, “a intenção humana e os efeitos do uso das máquinas podem facilmente se desalinhar”.

A grande pergunta é como preservar o poder de decisão em um mundo marcado pela automação. A ONU News buscou a resposta da jovem brasileira Millena Xavier, de 18 anos, medalhista de 38 olimpíadas científicas e umas das 10 primeiras colocadas em 2024 do Prêmio Global dos Estudantes, uma premiação apoiada pela Unesco.

“Acredito que tem limites e que pode prejudicar se o aluno ficar totalmente dependente da IA, porque se ele fica dependente de IA, significa que ele é facilmente substituído por uma IA. Então eu acredito que temos que ficar muito atentos a esses limites, porque ficar usando a IA para todos os trabalhos e para todas as provas é uma bandeira vermelha de que a situação não está muito legal”.

Millena declarou ser contra trabalhos escolares em que o aluno possa “simplesmente gerar um prompt e ter toda a resposta”. Ela também afirmou apoiar a decisão recente do governo brasileiro de proibir o uso de celulares em salas de aula.

Jovem brasileira diz que criatividade humana deve ser preservada em meio a tecnologias de automação

Proibição de celulares nas escolas brasileiras

“Acredito que seja importante sim essa proibição justamente para impor limites que talvez internamente pelos alunos não sejam impostos. Ao mesmo tempo, acredito que o celular pode ajudar em alguns momentos sim, na sala de aula, mas no geral eu acredito que essa punição, essa lei, seja mais benéfica a longo prazo do que maléfica. Então acaba sendo uma coisa necessária”.

De acordo com novos dados da Unesco, quase 40% dos países agora têm uma lei ou política que proíbe o uso de celulares nas escolas, um salto expressivo em relação aos 24% identificados em julho de 2023.

Preservando a criatividade humana

A estudante defende que a criatividade é uma fronteira que não deve ser atravessada pelo uso da inteligência artificial. Para ela, a tecnologia pode contribuir para aprimorar habilidades e aprendizado, mas não deve ser usada para gerar ideias.

“A principal habilidade que nós, como estudantes, devemos desenvolver atualmente não é nem saber usar, mas sim saber até onde usar, porque às vezes a gente usa demais e acaba excedendo e atrapalhando o processo de aprendizagem. Mas ao mesmo tempo, se a gente usar de menos, a gente vai estar aproveitando menos o potencial daqueles recursos tecnológicos. Então, acredito que inclusive, deveria ser algo mais falado, principalmente nas escolas”.

De acordo com a Unesco, em países de alta renda, mais de dois terços dos alunos do ensino médio já estão usando ferramentas de inteligência artificial para produzir trabalhos escolares e os professores usando a tecnologia para preparar aulas e fazer avaliações.

Para Millena, trabalhos que possam ser facilmente executados com inteligência artificial não deveriam ser propostos pelos professores, mas sim tarefas que exijam criatividade e capacidade de resolução de problemas.

O secretário-geral da ONU defendeu que todos os usuários tenham as ferramentas e conhecimentos para usar esta tecnologia de forma “inteligente, segura e ética”.

Millena Xavier/Arquivo pessoal

Millena Xavier é diretora da ONG PrepOlimpiadas, que já ajudou a formar mais de 90 mil alunos

O poder das olimpíadas

A jovem se dedicou desde cedo a olimpíadas científicas escolares e as premiações a ajudaram a conquistar espaço em programas na Universidade de Stanford, de Toronto e na Academia Latino-Americana de Liderança.

Ao perceber que esta poderia ser uma porta de entrada para melhores oportunidades de educação, ela criou em 2020 a PrepOlimpíadas, com o intuito de preparar outros jovens para este tipo de competição.

A iniciativa se tornou a maior organização liderada por uma estudante do ensino médio e já impactou mais de 90 mil jovens com aulas, cursos e materiais.

Inovações aplicadas na educação e na saúde

O projeto inclui uma ferramenta de inteligência artificial desenvolvida por Millena para a oferta de aulas de história e matemática. Segundo ela, essas matérias têm menos chance de erro, diferentemente de disciplinas como física e português.

A estudante também criou o Autinosis, uma ferramenta de IA para facilitar o diagnóstico do autismo. Ela explicou que teve a ideia depois de ver um amigo da escola sofrer bullying.

Preocupada com a falta de acesso a diagnóstico, a jovem criou um algoritmo de aprendizado por máquina que ajuda a identificar sinais do autismo em três grupos etários.

O amigo dela foi o primeiro a testar a inovação, que hoje é premiada e reconhecida internacionalmente.

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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