Este 11 de fevereiro marca o Dia da Internet Mais Segura. A data, celebrada na segunda terça-feira de fevereiro, foi criada para impulsionar ações que combatem a violência no ambiente online e removendo hostilidade na tela para crianças e jovens.

A ONU News conversou com uma dessas usuárias, a influenciadora brasileira Beta Boechat sobre o risco de aumento do discurso de ódio. Segundo ela, esse quadro se agravou na sequência de mudanças em políticas de moderação de conteúdo anunciadas por empresas como X, o antigo Twitter, e Meta, a proprietária do Facebook, WhatsApp e Instagram.

Internet

Impactos a grupos excluídos

Para Boechat, grupos historicamente marginalizados, como pessoas transgênero, podem estar entre os mais impactados quando um discurso desumanizado passa a ser encarado como normal.

“É claro que isso cria uma um ambiente de muitíssima insegurança para esses grupos, o que é o mais pavoroso dessa história. Então, é óbvio que a gente vê que a partir do momento que uma pessoa trans, ela não é considerada um ser humano, não é considerada um cidadão, ela perde inúmeros direitos. Mas a verdade é que pessoas trans já estão acostumadas, em algum nível, a passarem por essa situação. A gente está há pouco tempo tratando essas pessoas como pessoas com direitos. Então é muito apavorante que na internet a gente crie esse ambiente de insegurança”.

O objetivo do Dia da Internet Mais Segura é capacitar os cidadãos com competências para utilizarem a tecnologia digital de forma responsável, respeitosa, crítica e criativa, minimizando assim os riscos associados à internet.

A Unesco recomenda as seguintes medidas no uso de redes sociais.

O que fazer:

  • Monitorar e limitar o consumo de mídias sociais
  • Lembrar que a internet é pública
  • Denunciar qualquer má conduta nas plataformas.

O que não fazer:

  • Não deixar que as redes sociais consumam a maior parte do seu tempo
  • Não propagar o ódio
  • Não compartilhar conteúdo não verificado.

Beta Boechat fala à ONU News sobre inclusão e segurança na internet

A influenciadora revelou que o tema do discurso de ódio é frequente nos debates do Conselho Jovem do Pacto Global da ONU no Brasil, do qual foi integrante.

Representação plural

“Eu sinto que a questão do discurso de ódio, ele vem desse lugar, da percepção do grupo, da percepção de que eu preciso me defender de um mal externo que muitas vezes eu nem sei qual é. E aí esse mal externo acaba tomando a cara desses corpos que são dissidentes, de corpos LGBTs, de corpos de outras religiões ou de outras etnias, ou de outros países, de um imigrante ou de uma pessoa negra. A gente sempre acaba transformando os nossos medos em pessoas, para que a gente possa materializar esse medo, nessa angústia que a gente sente o tempo inteiro. Então isso acaba se tornando uma realidade na internet.”

A Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura, Unesco, defende que uma das ações mais importantes para combater o discurso de ódio é promover a representação plural em espaços midiáticos para indivíduos que são frequentemente alvo desses ataques.

A criadora de conteúdo, que se identifica como mulher trans, é uma das fundadoras do movimento Corpo Livre. A iniciativa nasceu de uma angústia pessoal que ela vivia por se sentir fora do padrão. Hoje, se tornou um espaço onde mais de meio milhão de pessoas se conectam para falar de liberdade e diversidade corporal.

Beta também apoia grandes empresas em processos como criação de grupos afirmativos, conscientização por meio de palestras e criação de conteúdo sobre diversidade para propagandas e novelas.  

Empresas devem manter avanços em diversidade, equidade e inclusão

Para a ativista, a internet tem um lado muito positivo de conectar pessoas do mundo inteiro em torno de ideais, gerando mais organização ao redor de causas e criando redes de apoio.

Ela ressaltou que desde 2018 houve um “florescimento muito forte” do ativismo identitário, com avanços significativos em temas como gordofobia, feminismo direitos LGBT, diversidade racial.

Para a influenciadora, uma vez superada a ignorância sobre esses temas, é possível avançar em debates sobre aplicações práticas e limites. Ela destacou que crises políticas e econômicas, no entanto, tendem a enaltecer o conservadorismo.

Sobre um retrocesso na pauta da diversidade, a ativista disse acreditar que é natural existir um “movimento cíclico” e que em algum momento esses temas voltarão a ser debatidos de forma mais aberta.

Beta fez um apelo para que as empresas não renunciem ao entendimento que alcançaram sobre diversidade, equidade e inclusão. Ela destacou ainda que o Brasil é um país muito plural, onde esses conceitos fazem parte da identidade nacional. 

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

To submit your press release: (https://www.globaldiasporanews.com/pr).

To advertise on Global Diaspora News: (www.globaldiasporanews.com/ads).

Sign up to Global Diaspora News newsletter (https://www.globaldiasporanews.com/newsletter/) to start receiving updates and opportunities directly in your email inbox for free.