O secretário-geral da ONU apresentou nesta quarta-feira suas prioridades para 2025, afirmando que vê um mundo em “grande turbulência”, mas que também enxerga “sinais de esperança”.

António Guterres se referiu ao estágio final de um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza, à estabilidade alcançada no Líbano e aos avanços na transição para energia limpa, além de vitórias na saúde e educação. 

Os quatro males da “Caixa de Pandora” moderna

Para Guterres, as ações, ou omissões humanas “desencadearam uma caixa de Pandora de males dos tempos modernos”, mas tal como no mito grego, a esperança subsiste aos horrores e não pode ser perdida de vista.

Ele afirmou que quatro desses males se destacam porque podem destruir a própria existência da humanidade: a multiplicação dos conflitos, as desigualdades desenfreadas, a violenta crise climática e a tecnologia fora de controle.

O chefe das Nações Unidas afirmou que planos já existentes e transformações orientadas pelo Pacto do Futuro, acordo firmado pelos Estados-membros da ONU em setembro passado, podem superar esses desafios.

Colaboração com o Brasil na agenda do clima

Na frente do clima, Guterres afirmou que a prioridade dos países deve estar em criar planos capazes de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 60% até 2035, com claras metas de redução da produção e consumo de combustíveis fósseis.

O secretário-geral disse estar “trabalhando em estreita colaboração com o anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30, o presidente Lula do Brasil”, para impulsionar mais ação.

Ele ressaltou que o mundo investe agora quase o dobro em energia limpa em comparação com combustíveis fósseis e que as fontes solar e eólica estão se tornando as mais baratas, além das que mais crescem na história.

O líder da ONU disse que apoiará as presidências da COP29 e da COP30 na mobilização dos US$ 1,3 bilhões por ano necessários para apoiar os países em desenvolvimento. Guterres defendeu fontes inovadoras de financiamento, incluindo a responsabilização de poluidores ​​pelos danos que causaram.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reuniu-se com o secretário-geral, António Guterres, à margem da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro

Remodelação do Oriente Médio

Em relação a Paz e Segurança, o secretário-geral lembrou que em Gaza, durante meses, “não houve limite para o sofrimento nem para os horrores”. Ele fez um apelo a todas as partes para que finalizem um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns.

Ele ressaltou a incerteza sobre se os próximos passos serão a retomada da solução de dois Estados ou “uma anexação constante por parte de Israel e a negação dos direitos do povo palestino”.

Para Guterres, toda a região do Oriente Médio passa por uma remodelação marcada por incertezas. Em relação à Síria, ele questionou se o país caminhará em direção a um futuro inclusivo, livre e pacífico, ou a uma fragmentação, marcada por desrespeito aos direitos das minorias.

A respeito do Irã, o líder da ONU indagou se serão tomadas ações concretas para renunciar a armas nucleares e integrar o país na economia global, ou se haverá escaladas nas tensões com “consequências imprevisíveis”.

O secretário-geral disse que nesse momento de tantas transformações na região é preciso “negar aos extremistas o direito de veto sobre um futuro pacífico”.

Nações Unidas representam “consciência global”

Guterres defendeu ainda a mão da humanidade esteja no controle de novas tecnologias, como a inteligência artificial e o combate às desigualdades por meio da reforma e modernização das instituições financeiras globais.

Para ele, estas medidas são uma afirmação do poder e do propósito das Nações Unidas no ano do 80° aniversário da organização.

O secretário-geral ressaltou que desde o primeiro dia desde que foi criada, a ONU representou a “consciência global”, tendo sido uma força de construção em um mundo inclinado à destruição. 

Para ele, quanto mais as Nações Unidas atuarem em conjunto para enfrentar os grandes desafios globais, menor será o fardo dos países de realizarem essa tarefa sozinhos.

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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