Várias agências das Nações Unidas alertaram sobre o impacto global de cortes de fundos para ajuda externa anunciados pelo novo governo dos Estados Unidos. O apelo a Washington é para que “mantenha sua liderança” no setor de auxílio humanitário. 

Em Genebra, o diretor regional do Programa da ONU para a População, Unfpa, para a Ásia e Pacífico, Pio Smith, lembrou que a pausa em vigor desde 24 de janeiro envolve bilhões de dólares em iniciativas de desenvolvimento. O valor cobre quase todos os programas de ajuda externa americana. 

Situações de crise 

Em resposta à medida executiva do presidente Donald Trump, a agência especializada em saúde reprodutiva suspendeu os serviços financiados pelos subsídios dos Estados Unidos, que eram tidos como “recurso para mulheres e meninas em situações de crise, incluindo no sul da Ásia”. 

Smith citou exemplos regionais como o do Afeganistão. Sem o apoio norte-americano entre 2025 e 2028, o país asiático poderá registrar mais 1,2 mil mortes maternas e uma alta de 109 mil situações de gravidez indesejada. 

© Unfpa Moçambique/Mbuto Machili

Governo norte-americano financiou o apelo humanitário global em cerca de 47% no ano passado

A agência revelou que busca ter maior clareza do governo americano sobre o motivo que levam os programas a serem impactados, particularmente em casos em que se espera ter isenção por motivos humanitários. 

Já o Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, não teve “demissões ou fechamento de acesso” do seu pessoal em resposta às ordens executivas. Mas o porta-voz, Jens Laerke, falou de contatos em curso entre escritórios nacionais e embaixadas americanas locais para perceber como se desenrolará a situação. 

Agência de desenvolvimento dos Estados Unidos  

Laerke explicou que o governo norte-americano financiou o apelo humanitário global em cerca de 47% no ano passado. Esta seria uma indicação da gravidade da situação atual marcada pelas “mensagens recebidas do governo” de Washington. 

As reações seguem-se ao anúncio do novo governo dos Estados Unidos de que a principal agência de desenvolvimento no exterior do país, a Usaid, passou a estar sob a alçada do secretário de Estado americano. 

Para o Ocha, “os xingamentos públicos não salvarão nenhuma vida”. Já a chefe do Serviço de Informação da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci, destacou o apelo do secretário-geral por um relacionamento de confiança com o governo Trump. 

Vellucci declarou que as Nações Unidas continuam essa atuação coordenada, estando atenta a possíveis críticas construtivas e pontos por revisar. Ela ressaltou o “relacionamento de décadas de apoio mútuo” entre a ONU e os Estados Unidos. 

Conselho de Direitos Humanos  

O porta-voz do Conselho de Direitos Humanos, comentou a relatos de uma possível ordem executiva retirando os Estados Unidos do órgão, integrando 47 membros. 

Pascal Sim disse que o país fez parte do Conselho entre 2022 e 2024, o que significa que desde 1º de janeiro se tornaram um “observador… como qualquer um dos 193 Estados-membros da ONU que não são membros do Conselho.” 

Segundo ele, “qualquer Estado observador do Conselho não pode tecnicamente se retirar de um órgão intergovernamental do qual não faz mais parte.” 

Em meio à incerteza sobre o futuro financiamento americano, o representante do Unfpa disse que o impacto foi imediato nas pessoas em situação de risco nos contextos mais pobres do mundo. 

Perda do acesso a serviços de saúde 

Ainda sobre o Unfpa, o representante regional Pio Smith listou casos de mulheres fazendo o próprio parto em condições insalubres, o alto risco de sofrerem fístula obstétrica, as mortes de recém-nascidos por causas evitáveis e a falta de recursos para apoio médico ou psicológico às vítimas da violência de gênero. 

Ele disse esperar que o governo dos Estados Unidos mantenha a posição de líder global em desenvolvimento e continue atuando pelo alívio do “sofrimento das mulheres e suas famílias como resultado de catástrofes que não causaram.” 

Já a esperança do Unfpa para casos como o do Afeganistão é que não suceda que mais de 9 milhões de pessoas na iminência de perder acesso a serviços de saúde e proteção devido à crise de financiamento anunciada por Washington. A situação poderá afetar quase 600 equipes móveis de saúde, locais de saúde familiar e centros de aconselhamento, cujo trabalho será suspenso. 

Progresso em risco 

A cada duas horas, uma mãe afegã morre de complicações evitáveis ​​na gravidez, num dos países com mais mortes de mulheres darem à luz.   

© Unicef/Safidy Andriananten

Pausa em vigor desde 24 de janeiro envolve bilhões de dólares em iniciativas de desenvolvimento

Outra realidade é a do Paquistão. A agência da ONU alerta que o anúncio dos Estados Unidos afetará 1,7 milhões de pessoas, incluindo 1,2 milhão de refugiados afegãos, que perderão acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva essenciais com o fechamento de mais de 60 unidades de saúde. 

Para o caso do Bangladesh, o acampamento de refugiados de Cox’s Bazar abriga mais de 1 milhão de refugiados rohingya vivendo em condições terríveis. Quase metade dos partos acontece em unidades de saúde apoiadas pelo Unfpa. 

A agência ressalta que este progresso está agora em risco em meio à necessidade de US$ 308 milhões necessários para sustentar serviços essenciais no Afeganistão, no Bangladesh e no Paquistão em 2025. 

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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