Pelo menos 5.350 civis foram mortos desde o golpe de 1º de fevereiro de 2021 em Mianmar, segundo as Nações Unidas.

Um relatório lançado terça-feira, em Genebra, destaca que mais de 3,3 milhões de pessoas foram deslocadas e que mais da metade da população vive abaixo da linha da pobreza, principalmente devido à violência cometida por militares.

Série de violações graves

A publicação do Escritório de Direitos Humanos da ONU sobre a situação em Mianmar lista uma “série de violações graves”, ressaltando o aprofundamento da crise e a ausência de Estado de direito no país asiático.

Após o golpe de 1º de fevereiro de 2021, o impacto da violência é considerado “arrasador” além da destruição, a questões de saúde mental, bem como a regressão nos direitos econômicos e sociais que aceleram o declínio econômico.

© Unocha/Siegfried Modola

Consequências do golpe militar incluem mais de 3,3 milhões de deslocados

Os jovens birmaneses tendem a fugir para o exterior como forma de escapar do serviço militar obrigatório. Esta realidade é marcada por detenções realizadas pelas Forças Armadas.

Quase 27,4 mil pessoas já foram presas após o golpe. Essas ações aumentam desde a implementação do recrutamento mandatório para as Forças Armadas em fevereiro deste ano.

Crianças e mulheres

O documento cita “fontes confiáveis” ​​indicando pelo menos 1.853 mortes ocorridas sob custódia, incluindo 88 crianças e 125 mulheres. Muitas aconteceram após interrogatórios abusivos, maus-tratos na detenção ou rejeição de acesso a cuidados de saúde adequados.

A porta-voz do alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Liz Throssell, ressaltou que a tortura e os maus-tratos sob custódia militar são generalizados ao falar ao lado do chefe da equipe de direitos humanos em Mianmar, James Rodehaver.

© Unicef/Maria Spiridonova

Mais da metade da população birmanesa vive abaixo da linha da pobreza

Em Genebra, Throssell destacou “uma dimensão assustadora de desafios” que o país enfrentará nos próximos anos “para garantir o respeito ao Estado de Direito e às instituições de justiça funcionais”.

Tribunal Penal Internacional

Para o alto comissário, Volker Turk, o Conselho de Segurança da ONU deverá encaminhar todo o escopo da situação atual em Mianmar ao Tribunal Penal Internacional. Ele repetiu os apelos pelo fim da violência e pela libertação imediata e incondicional de todos os detidos de forma arbitrária.

Entre relatos dos detidos registrados pelo Escritório de Direitos Humanos constam métodos como suspensão no teto sem comida ou água, pessoas forçadas a ajoelhar ou rastejar em objetos duros ou afiados ou uso de cobras e insetos para amedrontar.

As práticas incluem espancamentos com varas de ferro ou de bambu, cassetetes, coronhas de espingardas, tiras de couro, fios elétricos, correntes de motocicleta, asfixia ou execuções simuladas.

A tortura e os maus-tratos sob custódia militar são generalizados em Mianmar

Os oficiais teriam usado a eletrocussão e queimadura com armas de dardos eléctricos, isqueiros, cigarros e água fervente, pulverização de substâncias em feridas abertas, corte de partes do corpo e extração de unhas. Também houve relatos de violência sexual considerados “intrigantes”.

Repetição de violações e abusos

O escritório da ONU pede que todos os atores de graves violações de direitos humanos e infrações ao direito internacional humanitário sejam responsabilizados.

Para a entidade das Nações Unidas, a falta de qualquer forma de responsabilização para os autores é um aspecto que facilitaria a repetição de violações, abusos e crimes.

Os investigadores consideram “essencial que tal comportamento seja claramente identificado e dissuadido e que a prestação de contas por tais violações seja aplicada a todos os responsáveis”.

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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