No interior da província de Lunda Norte, no nordeste de Angola, iniciativas da Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA estão transformando vidas.
Os projetos envolvem o cultivo de arroz, milho e legumes, promovendo a subsistência, a autossuficiência e a inclusão socioeconômica das comunidades refugiadas.
Busca de autonomia
Desde 2023, mais de 600 famílias, incluindo membros das comunidades locais, foram beneficiadas. As plantações atendem tanto ao consumo próprio quanto à venda, permitindo aos agricultores contribuir para a produção alimentar da província e diversificar suas fontes de renda.
Os campos de arroz são liderados por uma ex-funcionária pública da República Democrática do Congo e símbolo da liderança feminina no assentamento de Lóvua, Nkoyo Antoinette, também conhecida como ‘Maman Antho’. A sua própria jornada de beneficiária de assistência alimentar a líder na produção agrícola personifica o desejo da comunidade refugiada pelo trabalho e autonomia.
“Temos o dever de cultivar a terra. Assim, os nossos filhos podem ver os seus pais trabalhando para viver. Gostamos de trazer as crianças aqui para mostrar que o nosso alimento básico vem do nosso trabalho. […] Não queremos depender da ajuda humanitária. Os tempos de emergência terminaram. Agora é tempo de desenvolvimento”.
Para a representante da Agência das Nações Unidas para Refugiados, Emmanuelle Mitte, Maman Antho é “um exemplo de como, com solidariedade, a comunidade refugiada pode trazer dignidade e autonomia para as suas famílias enquanto apoia o país.
Dia Mundial do Refugiado
O Acnur trabalha ao lado do governo e do povo de Angola para proteger pessoas que deixam os seus países para fugir da guerra e da violência. A resiliência das pessoas em busca de abrigo será celebrada no Dia Mundial do Refugiado, em 20 de junho, destacando a importância da solidariedade e do desenvolvimento de soluções duradores para a integração de refugiados e deslocados.
Para o refugiado Jean Bafolo, um pai dedicado de três filhos, o projeto representa mais do que apenas agricultura. É um caminho para recuperar o orgulho e a autoestima, permitindo-lhe sustentar a sua família com dignidade e resiliência.
“Posso dizer com orgulho aos meus filhos que esta comida vem do meu trabalho, do que faço com minhas mãos e um dia eles continuarão o trabalho que estou a fazer”, afirmou.
Nos campos de arroz, os rostos sorridentes refletem um novo sentido de propósito e comunidade. Além da colheita, esse esforço promove resiliência e autonomia em uma comunidade que busca segurança e deseja fornecer à próxima geração as ferramentas para um futuro digno e próspero.
Integração dos refugiados
Os projetos que visam integrar pessoas refugiadas na produção agrícola em Lunda Norte começaram em 2019 com o Acnur. A produção inicial, focada apenas no cultivo de legumes, deu um salto em 2023 quando uma parceria com o PMA permitiu expandir a produção de arroz e milho para alimentar as comunidades de refugiados e anfitriãs, incentivando assim a agricultura comercial e promovendo a coesão social.
O representante do PMA em Angola, José Ferrão, afirma que as histórias de Maman Antho e Jean Bafolo oferecem um farol de esperança para muitos outros refugiados e são um testemunho da sua resiliência, ambição e contribuição positiva para as comunidades anfitriãs.
Segundo ele, o PMA está comprometido em continuar a colaborar com o governo angolano e os seus parceiros para construir um futuro melhor para as comunidades refugiadas e locais e garantir que estas possam florescer e prosperar.
Angola acolhe mais de 55 mil pessoas que precisam de proteção internacional. Em Lunda Norte, o assentamento de Lóvua abriga cerca de 6,2 mil refugiados da RD Congo, incluindo as famílias de Maman Antho e do Bafolo.
*Com a reportagem do Acnur Angola.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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