Pausa no conflito Mianmar tem de incluir acesso para ajuda humanitária, diz ONU

Todas as operações militares em Mianmar devem ser suspensas para que o foco possa ser concentrado nas vítimas do terremoto, que atingiu o país na última sexta-feira.

Além disso, os trabalhadores de ajuda humanitária e resgate devem ter seu acesso inteiramente liberado para socorrer a quem precisa. O apelo é do alto comissário para Direitos Humanos da ONU, Volker Turk.

A declaração foi lida, em Genebra, pela porta-voz Ravina Shamdasani.

Segundo ela, fontes no terreno descreveram uma situação humanitária catastrófica em todas as áreas afetadas pelo terremoto especialmente as que estão fora do controle da junta militar. Faltam água, alimentos e remédios para os sobreviventes do tremor.

Os birmaneses estão em estado de choque e com medo, o que aumenta o sofrimento de um povo que já vive há quatro anos sob violência militar desde o golpe de Estado de 2021.

Nesta sexta-feira, Volker Tuerk disse esperar que a tragédia do terremoto possa ser um ponto de mudança para o país no sentido da inclusão política.

Ataques a zonas atingidas pelo terremoto

Dias após o tremor que devastou o centro de Mianmar, os militares continuaram bombardeando várias áreas do país. O Escritório de Direitos Humanos da ONU recebeu informação sobre 53 ataques incluindo com drones e artilharia nas zonas atingidas.

Pelo menos 14 ataques foram relatados desde o início do cessar-fogo temporário em 2 de abril.

A junta militar também segue recrutando e forçando jovens a ajudar com os trabalhados de resgate.

Os militares, segundo Tuerk, estariam restringindo o acesso de operações humanitárias nas áreas mais destruídas pelo terremoto como Sagaing, Bago e o Estado de Shan.

Presos políticos têm de ser liberados

Com o desastre, as comunicações por internet também foram afetadas. O alto comissário lembra que a população de Mianmar tem direito ao apoio e proteção. Ele pediu a libertação imediata de todos os presos políticos.

Volker Tuerk encerrou o comunicado ressaltando que os birmaneses já sofreram demais e que a ajuda internacional deve ser resoluta em socorrê-los de um desastre terrível.

Ele espera que o terremoto possa abrir as portas do país para a democracia.