O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou que a Síria deve começar a nova fase do país após a queda do regime do ex-presidente Bashar al Assad.

Em declaração para marcar o Dia dos Direitos Humanos, em Genebra, ele ressaltou haver esperança de que esta seria uma oportunidade para o país construir um futuro baseado em direitos humanos, liberdade e justiça.

Futuro da Síria

As saídas do presidente e do primeiro-ministro do poder foram anunciadas quase duas semanas após a ofensiva de grupos rebeldes que tomaram as províncias sírias de Alepo, Hama, Homs e Idlib.

Horas depois, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o futuro da Síria é uma questão a ser determinada pelos sírios e enfatizou haver muito trabalho por fazer para garantir uma transição política ordenada para instituições renovadas.

Na mensagem, Guterres reiterou seu apelo por calma e para que se evite a violência no momento sensível, ao mesmo tempo em que protegem os direitos de todos os sírios, sem distinção.

O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk

Circunstâncias atrozes

Já o alto comissário falou de um período de repressão e ressaltou a perda de centenas de milhares de vidas, mais de 100 mil pessoas desaparecidas e outros cerca de 14 milhões de vítimas expulsas de suas casas, “geralmente nas circunstâncias mais atrozes”.

Com a escalada iniciada em 28 de novembro, cerca de 1 milhão de pessoas foram deslocadas, incluindo nas províncias de Alepo, Hama, Homs e Idlib. A maioria são mulheres e crianças.  Mais de um quinto foi obrigado a sair de casa pelo menos pela segunda vez.

Houve ainda um aumento significativo dos movimentos de retorno desde 7 de dezembro. Muitos desses deslocados chegaram a cidades e vilarejos próximos a áreas afetadas por conflitos, onde foram criados centros de recepção e abrigos.

Tortura e uso de armas químicas

Turk disse ter conhecido muitos deles ao longo dos anos, além de ter observado seu desespero e trauma ao relatarem as “mais graves violações de direitos humanos cometidas contra eles, incluindo tortura e uso de armas químicas”.

Para o chefe de Direitos Humanos, qualquer transição política deve garantir a responsabilização dos autores de abusos graves e garantir que os culpados ​​prestem contas.

Turk considerou imperioso que todas as provas sejam coletadas e preservadas meticulosamente para uso futuro.

O chefe de Direitos Humanos disse que no processo de transição a reforma do aparato de segurança será fundamental numa transição que “também deve garantir que a tragédia das pessoas desaparecidas seja abordada.”

Carros destruídos e edifícios danificados no noroeste da Síria (foto de arquivo).

Obrigações sob o direito internacional humanitário

Turk apontou relatos de confrontos em andamento em algumas partes da Síria, incluindo o nordeste.  O alto comissário considerou “realmente importante e obrigatório de fato” cumprir suas obrigações sob o direito internacional humanitário e o direito dos direitos humanos.

Outra recomendação é que sejam tomadas todas as medidas para garantir a proteção de todas as minorias e evitar represálias e atos de vingança.

Como único rumo a seguir, ele destacou “um processo político de propriedade nacional que ponha fim à ladainha do sofrimento, cumpra as aspirações de todos os sírios e garanta a verdade, a justiça, a reparação, a cura e a reconciliação.”

Turk considera essencial que os direitos humanos de todos os sírios “estejam no centro de tal processo, por meio de participação significativa e inclusiva, incluindo principalmente mulheres e jovens”.

Ao pedir uma transição com restauração da soberania, unidade, independência e integridade territorial da Síria, o alto comissário de Direitos Humanos disse que seu escritório está pronto para apoiar o processo.

 

Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).

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