Desde o golpe militar de fevereiro de 2021 em Mianmar, a antiga Birmânia, o número de pessoas sofrendo com insegurança alimentar subiu para 15,2 milhões.
Segundo um grupo de especialistas* em direitos humanos, a quantidade de birmaneses em situação de insegurança alimentar aguda pode chegar a quase um terço da população do país ainda este ano.
Retaliação dos militares aumentou após perderem terreno
Para os peritos, à medida que a junta perde território para integrantes da resistência armada, os militares retaliam, retêm e impedem o acesso à ajuda humanitária.
Eles limitam rotas comerciais e alvejam trabalhadores humanitários. Com isso, a situação alimentar que já é crítica só se agrava.
Mianmar tem mais de 19,9 milhões de pessoas precisando de assistência. Os ataques militares destruíram maquinário de agricultura e contaminaram as terras aráveis com minas e outros explosivos.
Mesmo onde existe chance de plantio, não se consegue trabalhadores por causa do deslocamento massivo de pessoas fugindo do recrutamento das Forças Armadas.
Uma família deslocada internamente no leste de Mianmar caminha perto da fronteira com a Tailândia
Itens básicos subiram 30% em um ano
Desde o golpe, foram registrados choques entre forças birmanesas e grupos de resistência em 96% das cidades do país.
A economia de Mianmar foi dizimada impactando a segurança alimentar. Este ano, o custo de itens básicos com arroz, feijão, óleo e sal deve subir 30% se comparado a 2023.
Para os especialistas em direitos humanos, o decreto presidencial nos Estados Unidos suspendendo ajuda financeira americana para o exterior deverá ter consequências arrasadoras sobre Mianmar e países vizinhos que abrigam os refugiados do conflito.
O número de deslocados internos subiu para 3,5 milhões de pessoas no início de 2025. Um aumento de 72% em apenas um ano. E a situação no estado de Rakhine é crítica com 2 milhões de pessoas correndo risco de inanição.
Crianças sofrem efeitos arrasadores
Os especialistas em direitos humanos creem que o bloqueio completo de quase toda a ajuda humanitária no estado de Rakhine, que foi feito pela junta militar desde 2023, viola a lei humanitária internacional e pode configurar crime contra a humanidade.
O conflito em Mianmar também tem um impacto arrasador para as crianças. Cerca de 55% delas vivem na pobreza. No ano passado, surtos de diarreia agravados pela falta de medicamentos matou mais de 36 crianças.
O grupo pediu à comunidade internacional e a líderes mundiais que ultrapassem a fase de retórica política para passar a medidas que assegurem o alimento e formas de salvar todas as pessoas que precisam desses recursos, nesse momento, em Mianmar.
*Os especialistas de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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