A Organização Internacional para Migrações, OIM, publicou um relatório para marcar os 10 anos do Projeto Migrantes Desaparecidos. O estudo revela tendências alarmantes de mortes e desaparecimentos de migrantes na última década.
Mais de um terço dos migrantes falecidos cujo país de origem pôde ser identificado vem de países em conflito ou com grandes populações de refugiados, destacando os perigos enfrentados por aqueles que tentam fugir de zonas de conflito sem caminhos seguros.
Informações incompletas
Entretanto, as informações sobre as identidades dos migrantes desaparecidos são muito incompletas. Entre as principais conclusões do relatório está o alto número de mortes não identificadas.
Mais de dois terços dos migrantes cujas mortes foram documentadas permanecem sem identificação, o que faz com que as famílias e as comunidades tenham que lidar com a perda ambígua de seus entes queridos.
Para a OIM, a situação ressalta a necessidade de uma coleta de dados mais bem coordenada e de processos de identificação para que as famílias afetadas possam se recuperar. Segundo os dados, quase 5,5 mil mulheres morreram em rotas de migração nos últimos 10 anos e o número de crianças identificadas é de quase 3,5 mil.
63 mil mortes e desaparecimentos
O relatório faz uma retrospectiva da última década, com mais de 63 mil mortes e desaparecimentos documentados durante a migração nesse período – e mais mortes registradas em 2023 do que em qualquer ano anterior.
Para a OIM, esses números demonstram a necessidade urgente de reforçar as capacidades de busca e resgate, facilitar as rotas de migração seguras e regulares e tomar medidas baseadas em evidências para evitar mais perdas de vidas. A ação também deve incluir “a intensificação da cooperação internacional contra redes inescrupulosas de contrabando e tráfico”.
Atualmente, o Projeto Migrantes Desaparecidos continua sendo o único banco de dados global de acesso aberto sobre mortes e desaparecimentos de migrantes, compilando informações de fontes abrangentes, incluindo informantes-chave de governos, funcionários da ONU e organizações da sociedade civil.
Afogamento e subnotificação
De acordo com o relatório, afogamento é a principal causa de morte. Quase 60% das mortes documentadas durante a migração estão ligadas a esta razão, com mais de 27 mil mortes relacionadas somente no Mediterrâneo.
O relatório enfatiza a necessidade de aprimorar as capacidades de busca e resgate para salvar vidas no mar e ressalta a importância de trabalhar com os governos para facilitar rotas de migração mais seguras.
O texto aponta a subnotificação de mortes de migrantes e afirma que as mais de 63 mil mortes e desaparecimentos registrados durante a migração na última década provavelmente são apenas uma fração do número real de vidas perdidas em todo o mundo.
O documento destaca a necessidade de melhorar os esforços de coleta de dados para avaliar com precisão a escala do problema e abordar os desafios mais amplos da migração insegura.
Há mais de 37 mil mortos para os quais não há informações disponíveis sobre sexo ou idade, o que indica que o número real de mortes de mulheres e crianças é provavelmente muito maior.
Aumento do número de mortes
Apesar dos compromissos políticos e da atenção da mídia, as mortes de migrantes estão aumentando, com 2023 marcando o maior número anual de mortes já registrado, com mais de 8,5 mil casos.
Até o momento, em 2024, as tendências não são menos alarmantes. Somente no Mediterrâneo, embora as chegadas este ano sejam significativamente menores, cerca de 16 mil, em comparação com o mesmo período em 2023, de mais de 26 mil, o número de mortes é quase tão alto quanto no ano passado.
Segundo a OIM, um número cada vez maior de iniciativas e instrumentos globais, regionais e nacionais defendem ações para os migrantes desaparecidos. Os dados do Projeto Migrantes Desaparecidos são usados como uma forma de mensurar a meta de migração segura da Agenda 2030.
Source of original article: United Nations / Nações Unidas (news.un.org). Photo credit: UN. The content of this article does not necessarily reflect the views or opinion of Global Diaspora News (www.globaldiasporanews.net).
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